ENTREVISTA - Drum Legendary (Fabio Buitvidas dos Shadowside)

Fabio Buitvidas baterista dos Shadowside, tem vindo a consolidar o seu nome no mundo metálico e é já uma revelação no Brasil. O Metal Morfose quis saber mais sobre a sua carreira de baterista e acabamos por ter revelações sobre a gravação do novo álbum dos Shadowside.

Metal Morfose - Bem-vindo ao Drum Legendary do Metal Morfose é uma satisfação!

Fabio Buitvidas: Para mim é um prazer poder conversar com vocês. É uma grande honra poder estar ao lado de tantos músicos talentosos que frequentam o vosso site.

M. M. - Como foi o teu início de carreira como baterista?

Fabio Buitvidas: Comecei a gostar de bateria no ano 1983, quando ouvi uma música dos Kiss, “Do you love me”. Tive pouco contacto com o instrumento até 1991, quando tive meu primeiro kit e comecei a tocar em algumas bandas. Após entrar nos Acid Storm, comecei a desenvolver-me melhor. Tive algumas aulas de teoria musical, mas a prática veio com os anos apesar de quase nunca praticar, exceto a ensaiar ou a fazer concertos, pois sobra muito pouco tempo para os estudos.

M. M. – Qual o equipamento que usas actualmente nos concertos? Quantidade de assessórios da tua bateria, marca, baquetas?

Fabio Buitvidas: Uso uma Tama Starclassic de birch, timbalões de 8",10",12",13" e 16", bombo de 22". Tarolas tenho uma Superstar dos anos 70 de 14"x8" e uma Pearl Steel de 6"1/2". Pratos uso os Paiste, sound edge hi-hat 14" RUDE, medium crash 18" 2oo2, medium crash 20" 2oo2, power crash 20" 2oo2, wild crash 19" RUDE, power crash 18" 2000, NOVO china 20" 2oo2,china type 18" 2002 e 2000. Baquetas uso ProMark 5B e peles Remo pin stripe e emperorX. Pedais Iron Cobra.

M. M. - Para muitos especialistas do heavy metal brasileiro, és a maior e melhor revelação da actualidade. Como te sentes?

Fabio Buitvidas: Agradeço as palavras, mas sinceramente, não me vejo como revelação ou algo parecido. Apenas faço o que gosto e não me preocupo com modas ou em querer parecer alguém ou mesmo fazer algo para agradar ou chamar à atenção. O que toco é resultado natural do meu envolvimento com o Heavy Metal ao longo dos anos. O que procuro é uma forma de tocar onde a música possa estar em primeiro lugar e nunca um instrumento isolado.

M. M. - Quais os bateristas que influenciam a tua forma de tocar?

Fabio Buitvidas: Scott Rockenfield dos Queensryche e Dave Lombardo dos Slayer, são os mais importantes na minha formação. Também gosto muito do Abaddon dos Venom, pela crueza e feeling.

Metalmorfose - Solos de bateria são sempre uma atracção à parte nas actuações ao vivo. Treinas para executares solos diferenciados?

Fabio Buitvidas: Não faço solos. Acho que para isso deves ser um músico acima da média. Solos de bateria ou são fantásticos ou vergonhosos, no meu caso incluo-me na última opção.

M. M. - Gostavas de fazer um álbum a solo como baterista, algo que falta no mercado mundial do heavy metal. Pesado, técnico, veloz, aproveitando todo o teu talento e caracteristicas?

Fabio Buitvidas: Um álbum a solo de bateria é um pouco difícil de se conceber, porque não é um instrumento harmônico e vai parecer mais um "CD-aula". Se usares a bateria com tambores afinados como um piano, com as oitavas, os bemóis, aí acho que dá para se fazer algo interessante, mas não seria o caso, porque a bateria é um instrumento de acompanhamento e o que dá a pulsação da música. Tenho outros projectos que estou a gravar e encaro como se fossem o meu álbum a solo, já que são estilos completamente diferentes dos Shadowside, mas ainda assim dentro do heavy metal. Tenho um CD que deve sair brevemente da banda Pastore, onde fazemos heavy metal directo no qual a bateria tem bastante bombo duplo e alguns fills pouco convencionais e a minha banda de thrash metal Acid Storm, uma mistura de Slayer e Forbidden, com direito a todo exagero que esse estilo pede. Apesar de não serem orientados para a bateria, eu considero-os como os meus álbuns a solo.

M. M. – Foste responsável pela gravação da bateria do álbum “Theatre of Shadows”, que conquistou um enorme sucesso em todo planeta. Como foi esse trabalho?

Fabio Buitvidas: Fui contractado apenas para gravar o CD, não participei da concepção em si. Tive liberdade para criar alguns fills, mas as levadas já estavam lá, eu apenas as executei.Foi muito divertido e prazeroso fazer esta gravação, porque o clima era bom e as pessoas envolvidas são excelentes. Também foi engraçado, porque muitas das músicas não as conhecia e aprendias enquanto gravava, muitas vezes sem guia, apenas usava o metrônomo e um mapa que eu preparei.

M. M. - Como é trabalhar com os elementos dos Shadowside - Dani Nolden (voz), Fernando Peto (baixo), Raphael “Micheaut” Mattos (guitarra)?

Fabio Buitvidas: Tranquilo. É muito fácil, porque todos sabem o que estão a fazer e também estamos focados num objetivo comum.

M. M. - Como foi a pré-produção do próximo álbum dos Shadowside?

Fabio Buitvidas: Trabalhamos bastante no meu estúdio a gravar as prés e depois fizemos uma pausa para um concerto nos Estados Unidos e assim que voltamos, focamo-nos a 100% neste novo álbum dos Shadowside.

M. M. – Os Shadowside apresentaram-se no Indianapolis Metal Fest. Como foi esse concerto e que reacção obtiveram?

Fabio Buitvidas: A reação não podia ser melhor. O público foi muito caloroso e não parou do início ao fim. Pensei que a maioria não nos conhecia, mas foi ao contrário. Tocamos 45 minutos e foi a estréia do nosso novo guitarrista Raphael "Micheaut" Mattos. Definitivamente esperamos voltar brevemente aos Estados Unidos.

M. M. – Como vês a repercussão do trabalho dos Shadowside nos EUA, o qual conta com um mercado fonográfico bastante imprevisível em relação ao heavy metal?

Fabio Buitvidas: O mercado americano é muito grande e a cena underground que existe é muito forte, mas o metal parece não ser mainstream. Chega a ser curioso, porque bandas com uma sonoridade européia não têm muito espaço por lá e a repercussão ao nosso trabalho tem sido excelente e esperamos consolidar ainda mais a nossa relação com a América, com o nosso novo álbum.

M. M. – Neste momento, os Shadowside estão a gravar o segundo álbum da carreira no LCM Studio, em São Paulo, ao lado do reconhecido produtor norte-americano Dave Schiffman (System of a Down, Audioslave, Red Hot Chilli Peppers, Type O´Negative, Avenged Sevenfold). O que nos podes adiantar sobre o novo trabalho dos Shadowside? Como é trabalhar com uma pessoa tão importante no actual cenário da música nos Estados Unidos?

Fabio Buitvidas: Está a ser bastante diferente da gravação do primeiro álbum. Tivemos uma semana de pré-produção com o Dave onde acertamos alguns arranjos e finalizamos a estrutura das músicas. Terminei de gravar a bateria no dia 25 de outubro. Ele raramente faz emendas nas músicas então gravamos alguns takes complectos de onde vamos tirar as melhores partes. Ainda não faço idéia como será o resultado final, porque está muito no início, mas a nossa expectativa é que tenhamos um trabalho de melhor qualidade, uma evolução no que diz respeito à produção do novo álbum em relação ao anterior. Musicalmente também vamos ter um salto de qualidade já que as novas músicas estão mais bem arranjadas, algumas mais simples e directas, outras mais elaboradas. Sobre a bateria posso dizer que estou a tocar mais directo, focado principalmente na bateria em função da música e não o contrário. Diminuí o meu kit, usei apenas dois tons e dois surdos, para além do bombo e caixa. Nos pratos usei apenas dois crashes, ambos de 20 polegadas o que deve dar uma sonoridade diferente. É interessante fazer mudanças, porque o trabalho tornasse um desafio excitante e grande parte desta mudança é resultado das idéias do Dave.
Ele é uma pessoa simples e muito competente. Estamos muito contentes com o trabalho dele e esperamos que o resultado final agrade a todos, da mesma forma que a nos agrada.

Metalmorfose – O teu trabalho como produtor de palco também continua a todo vapor?

Fabio Buitvidas: Sim, acumulo as funções de stage manager e road manager. Em novembro tenho uma agenda cheia de concertos na Itália. Já estive uma centena de vezes em Portugal onde percorri o país todo com a cantora Fafá de Belém, com quem trabalho há 15 anos.

Metalmorfose - Agradeço teres aceitado o nosso convite. Considerações finais e mensagem aos fãs dos Shadowside em Portugal.

Fabio Buitvidas: É um imenso prazer e uma grande honra responder a estas perguntas e poder falar directamente aos fãs da música pesada em Portugal, um país que conheço muito bem e onde já estive diversas vezes. Espero poder tocar o mais rápido possível em Portugal e poder ter um contacto directo com todos os nossos amigos daí. Obrigado pela oportunidade.




Entrevista por: Aldo Beehlerr

Comentários

  1. Fabio Buitvidas baterista do Shadowside ,foi uma grande emoção entrevistalo,conversamos bastante ao telefone antes mesmo da entrevista official , alén da simplicidade como ser humano , é um musico extremamente competente,
    Longa vida ao Shadowside

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  2. Metal-morfose sempre com ótimo conteúdo sobre a cena underground.

    Continuem assim pessoal...

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  3. Muito boa entrevista. Estão de parabéns. Mas eu acho que Shadowside já não é mais uma banda underground, Marcelo.

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